segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Oimelc




O período de Oimelc (Festival da Primavera) está sendo bem intenso pra mim! Renovador e Purificador!!!
Começou pouco antes do dia do ritual, com a prosperidade entrando com tudo em minha vida! Em vários aspectos dela!
Mas, vamos ao ritual em si, que foi belíssimo! Leve! Repleto de êxtase e alegria!
O nosso grupo, renovado (pois muitas pessoas saíram, após uma série de desavenças e agressões mútuas inclusive em "público virtual", o que me deixou decepcionada, mas outras pessoas entraram), chegou ao sítio, no interior de São Paulo.
Após tudo preparado, tomamos a bebida sagrada Ayahuasca e o ritual propriamente dito se iniciou na fogueira. A fumaça e o fogo fizeram seu trabalho de purificação e energização e ali mesmo já comecei a entrar em êxtase total!
Minha energia se elevou, minha percepção aflorou e nitidamente a aura de tudo e todos ao meu redor ficou visível.
Minha audição se potencializou e então voltamos para a varanda do sítio, onde nos sentamos e passamos a nos interiorizar para começarmos nossos trabalhos individuais.
Porém fiquei pouco tempo sentada! A música me chamava! Então a Rainha, um Deva de pura luz e sabedoria que trabalha conosco nestes rituais através da bebida sagrada (Ayahuasca), surgiu em minha frente e me estendeu sua mão.
Me levantei e ela disse:
- Hoje é dia de festejar e agradecer. Vamos dançar! Vamos celebrar a vida!
E assim nos pusemos a dançar pela varanda! Foi incrível! Senti que havia muitos outros seres ao nosso redor, todos dançando! Ouvia fadas voando por nós, felizes! Não conseguia ver nada com nitidez, apenas vultos e luzes (como se um véu estivesse sob meus olhos, não me permitindo ver com clareza), então fiquei de olhos fechados, assim não ficava tonta.
Após algum tempo, que não sei mensurar quanto, a Rainha me levou para outros lugares de festa.
Fizemos um passeio pela história!
Dançamos em festas da nobreza na idade média, em festas pagãs, em festas ciganas, em festas indígenas, e em todas eu estava vestida de acordo com a ocasião e sabia todos os passos que eram para serem dados.
Essa experiência me mostrou que a dança é na verdade um ritual em si!
Você se prepara para ela adequadamente por algum tempo, aprende seu significado, a executa com dedicação, respeito e gratidão, entra em êxtase e através dela se conecta com o divino!
Passei a olhar a dança com outros olhos...
É um momento sagrado! De pura magia!
Me senti imensamente grata por tudo que tenho vivido, por tudo que tenho aprendido desde que comecei a trilhar por este caminho, por tudo que tem mudado em mim e em minha vida, e passei o tempo inteiro agradecendo por tudo isso!
De repente, em uma das festas em que estávamos dançando, a Rainha posicionou suas mãos em minha coluna. Senti uma pontada forte, e ela me disse que precisávamos “consertar” a minha coluna. Tenho escoliose e artrose, e sinto muitas dores de coluna por isso. Então ela começou a trabalhar em minha coluna.
Voltei a me sentar e fiz inúmeros alongamentos, sentindo minha coluna se esticar toda! Várias vezes ouvi e senti estalos nela, algumas vezes sentia dor, porém em seguida vinha um alívio inexplicável!
Quando terminou, minha coluna estava toda dormente. Desde então nunca mais senti dores de coluna!
Me levantei de novo e voltei a dançar!
Então já estava vendo um pouco mais nitidamente os seres que estavam festejando Oimelc conosco! Foi uma experiência indescritível poder compartilhar com eles a nossa festa e a nossa alegria!
Então fixei meus olhos em um ponto e vi a imagem de um útero com um embrião dentro. Como estou me preparando para, enfim, ser mãe, achei que era um sinal de que ficarei grávida! As lágrimas começaram a rolar de meus olhos, e o embrião virou dois! Dois bebês! E mal me contive quando viraram três! Três bebês!
Pode ser que o desejo de ser mãe tenha me feito interpretar a visão como minha maternidade, mas, porém, pode ter a ver com a energia tríplice, ou o aspecto tríplice da divindade, representada pelo Awen, um símbolo Celta que representa inspiração, iluminação. Sua representação tríplice pode representar a terra, o mar e o ar; a mente, o corpo e o espírito; a sabedoria, o amor e a verdade.



Enfim, após esta visão, senti que meu trabalho no ritual estava terminado.
Me recolhi, tomei um bom e delicioso banho e fui dormir.
Nas semanas seguintes muita coisa mudou.
Me senti muito diferente. Uma enorme necessidade de me desapegar de coisas, de projetos e de pessoas.
Comecei fazendo uma limpeza interna. Joguei fora muitos pensamentos, sentimentos, mágoas, rancores, coisas que eu achava que não tinha mais, mas que estavam escondidas lá no fundo. Já havia feito isso no pós-Samhain, porém percebi que ainda havia muito a jogar fora...
Depois passei para o físico. Doei um monte de coisas pessoais, reavaliei muitos relacionamentos, reavaliei projetos para o futuro e vi que um monte deles não tinham mais sentido.
Foquei no que realmente me interessa.
Parece fácil, mas não é.
É muito difícil fazer escolhas. Abrir mão de algumas coisas e de alguns sonhos não é fácil. Mas é necessário. É preciso ter foco.
Quando a gente passa a enxergar o caminho com uma diretriz, a gente percebe que muitos dos seus desejos te atrasam, te tiram do caminho principal. Aí você consegue ver que eles são desejos inúteis. Que te darão alguma satisfação momentânea, de prazer ou de satisfação de ego, porém te desvirtuam do que é realmente importante.
Quando finalmente estava conseguindo enxergar isso, meu guia espiritual, meu Mestre Xamã, veio conversar comigo no astral, me ajudando a ter tudo isso bem claro em minha mente. Ele me mostrou o que eu já sabia, mas havia deixado de lado, que é como cumprir a minha missão. E isso me mostrou que muitas coisas que eu pretendia realizar no campo profissional estavam me afastando disso e me atrapalhando também na realização de outras coisas importantes na vida pessoal.

Ele também me ajudou a ver que o cumprimento da minha missão não passa por ajudar ninguém diretamente, tentando abrir a cabeça das pessoas e fazer com que elas vejam as coisas de outra forma, ou seja, da minha forma. Isso não compete a mim. Existem seres que trabalham com isso no astral, e essa é uma missão deles, e não minha. Que o que faz parte da minha missão é apenas dar o exemplo. É só que posso fazer. Enxergar isso me tirou um peso das costas, porém também me trouxe certa raiva de mim mesma, por ver quanto tempo eu perdi na vida procurando ajudar pessoas que não queriam ajuda ou que não estavam prontas para subir os degraus junto comigo.
Cada um tem seu tempo. Cada um tem suas prioridades. Cada um irá evoluir de acordo com suas escolhas. Não posso escolher por elas. Só posso dar o exemplo.
Eu subi mais um degrau em minha evolução, e ao olhar para o degrau onde estava antes vi muita gente que estava satisfeita onde estava, porém eu queria que elas viessem comigo! Tentei puxar algumas, e isso estava me atrasando. Perdi o foco! Então era precisa deixá-las lá e continuar subindo. E isso estava me doendo, mesmo que eu não quisesse admitir.
A Rainha também veio me auxiliar dias depois, e me disse uma coisa que foi decisiva pra mim:

- Você pode querer muitas coisas, mas se não escolher a mais importante, nenhuma delas vai acontecer, pois sua energia está dividida. É necessário ter foco. Assim você faz acontecer.
Foi então que uma verdadeira revolução começou em mim! Pois mesmo já tendo claro em minha mente que era preciso desapegar, era preciso abrir mão de algumas coisas em prol de outras, no fundo eu ainda estava querendo conseguir um jeito de não ter que fazer certas escolhas.
Mas então ficou nítido que estas coisas eram, na verdade, âncoras, me puxando pra baixo! Nisso incluo pessoas, sonhos inúteis (que só agora vejo o quão inúteis eram) e projetos que não fazem parte do que escolhi pra minha vida!
Então ficou tudo muito mais fácil!
Passei por alguns dias de tolerância zero comigo e com todos, pois eu estava enxergando como havia perdido meu tempo no passado com coisas e com pessoas de forma inútil! Como eu havia desperdiçado energia!
Mas é preciso seguir em frente.
Foi então que o “golpe final” veio, pra que finalmente eu fosse capaz de deixar toda essa bagagem inútil pra trás!
Na madrugada de sábado (29/09) para domingo acordei tremendo de frio! Porém estava bem aquecida, com um edredom bem grosso, então não era pra estar com frio! Mas era um frio de doer a alma! Me levantei e fechei a janela de vidro do quarto, para impedir alguma suposta corrente de ar. Foi então que senti uma presença. Só que não via nada e nem ninguém. Mas o frio era sobrenatural, então já sabia do que se tratava. Era Morrigan. Não entendi a princípio porque ela estaria entrando em contato, mas me preparei pra ela. Me deitei, tentei me manter aquecida, mas só consegui depois de parar de tentar manter o controle! Quando enfim larguei de mão e me deixei relaxar é que o frio se abrandou.
Fui levada por ela para um local onde estava acontecendo um ritual em volta de uma fogueira. Havia pessoas de túnicas e outras não, entoando cânticos em torno da fogueira, num idioma que não consegui reconhecer.
Era uma celebração pagã, e estavam comemorando Oimelc. Não sei se era este ano ou algum ano passado, mas era uma época atual. Estava frio e associando isso com o fato de não reconhecer o idioma fiquei achando que se tratava de algum lugar em um país europeu... Não sei...
Senti de novo o frio de gelar a alma. Então a vi. Morrighan! Belíssima! Com seus cabelos negros compridos e um vestido vermelho comprido! Agradeci por estar ali com ela, e ela me perguntou se eu sabia porque estava ali, e eu respondi que não fazia ideia. Ela me falou para que lembrasse do que havia me dito no ritual de Samhain. Eu me lembrava, claro! E tudo que eu estava passando nestes últimos dias tinha mesmo relação com o que ela me disse em Samhain. Que eu precisava eliminar muitas coisas de minha vida. Ela havia me ajudado a enxergar isso no ritual dela, e ela mesma havia removido muita coisa de minha vida e aberto essas feridas em mim, para que eu expurgasse o que me prendia ou me atrasava!


Então ela disse que ainda havia algumas coisas que, por mais claro que estivesse pra mim que eu precisava largar, eu estava insistindo em não abandonar de vez. Que ela poderia cortar isso da minha vida ela mesma e me libertar, como fez da outra vez, mas que se eu queria verdadeiramente continuar seguindo por este caminho era preciso tomar a foice em minhas próprias mãos e cortar tudo isso eu mesma. Então disse:
- O que possível mudar você conseguiu mudar e pode manter, pois te faz bem e te mantém no caminho. O que não é possível mudar precisa ser abandonado. Sem dó. Neste caminho não há lugar para piedade, pois ninguém é realmente digno de pena. Ao sentir pena você se atrasa e se desvia do seu caminho. Preocupe-se apenas consigo mesma. Você é boazinha demais. Está na hora de aprender a ser cruel. A crueldade é muitas vezes o que empurra o outro pra frente, e não a mão estendida. Corte suas amarras. Você está pronta pra isso?!
A verdade em tudo que ela disse foi como uma espada cortando minhas entranhas! Eu precisava ouvir isso. Sim, enfim eu estava pronta para cortar todas as amarras! Com minha resposta ela estendeu as mãos e materializou uma foice. Estendeu-a pra mim e a peguei. Uma corrente de energia passou por todo o meu corpo e me ligou àquela foice de forma mágica! Era como se ela fosse uma extensão do meu braço.
Ela então se foi.
Fiquei ali, pensando em tudo que acabara de acontecer. Refleti por um bom tempo. Achei que voltaria pra casa, mas isso não aconteceu.
Então soube que a experiência ainda não havia acabado. Fiquei observando o ritual que continuava em volta da fogueira. O frio se foi, e o calor do fogo me aquecia e me fazia sentir acolhida.
Notei que um dos homens que estava de túnica azul estava olhando fixamente pra mim. Percebi que ele me via! Então fiz um cumprimento com a cabeça e ele repetiu. Então me lembrei que estava de camisola! Olhei pra mim mesma pra conferir e sim, eu estava só de camisola! Quando olhei novamente para o homem que me via ele estava rindo da minha reação! Também ri, e me sentei. Ele fez um gesto com a cabeça que entendi como boas vindas. Agradeci e ele voltou a se concentrar no ritual.
Passados alguns minutos senti uma presença muito reconfortante perto de mim! Um cheiro agradável de flores e uma ternura no ar que é difícil de descrever. Era Brigit! Me senti a mais honrada das criaturas! Ter o privilégio de estar com duas Deusas em uma só noite era uma bênção que nunca imaginei que teria! Ainda mais sendo eu apenas um aprendiz!

Ela se mostrou pra mim como uma mulher de uns 30/40 anos, de cabelos bem compridos, cor loiro escuro, levemente cacheados, de vestido branco tipo camponesa, com uma tiara de flores na cabeça, belíssima!
Eu ia me levantar, mas ela fez um sinal para que eu continuasse onde estava. Veio e sentou-se ao meu lado. Fiquei estupefata! Ela riu e disse:
- O que foi? Uma Deusa não pode simplesmente sentar-se ao seu lado para conversar?
Eu ri e respondi que jamais imaginaria uma cena como esta! 
Então refleti o quanto, por mais que não sigamos religiões ou caminhos castradores (que colocam Deus ou Deuses num plano tão distante de nós), a gente acaba assumindo essa concepção, de que não podemos falar diretamente com eles, só em oração, e que eles não se mostram para nós, como se nós não fôssemos dignos de vossas presenças... 
Então ela riu de volta e disse apenas que queria conversar comigo.
Então me disse muitas coisas!
Me relembrou que no ritual de Lughnasadh, que foi o meu primeiro, eu aprendi que precisava libertar um lado meu que eu havia aprisionado dentro de mim. Este lado era cheio de energia. Uma energia que envolve energia sexual, porém que também se relaciona com características ditas ruins, como vingança, autoritarismo, crueldade, ego inflado, prepotência. Tenho tudo isso em mim, porém tentei trancar tudo por muito tempo.
Libertei minha sexualidade e hoje ela só me beneficia! Muito da prosperidade que tenho recebido está ligada a essa energia, que estava travada. Meu casamento está melhor do que nunca e vivo imensamente feliz com toda essa energia sexual abundante que tenho. Não tenho mais medo e nem vergonha dela. No começo, assim que a libertei, foi complicado aprender a conviver com ela, mas eu sabia que era questão de tempo, e que precisava deixá-la aflorar. Hoje tudo está entrando em equilíbrio!
Brigit disse que preciso fazer o mesmo com o restante. Preciso aprender a viver plenamente. Deixar meu lado obscuro aflorar. Minhas sombras. É essa a amarra mais difícil de ceifar, pois meu lado obscuro é meio perigoso... Sempre tive muito medo dele, porque já provoquei coisas bem ruins quando o deixava vir...
Mas ele está aqui. A flor da pele. Faz parte de quem eu sou. Tenho muita luz, mas também tenho sombras... Como qualquer outra pessoa.
Preciso aprender a lidar com este lado, sem medo. Mas sei o quanto isso pode me ser útil! Falei isso pra ela, e ela sorriu. Disse que se não nos aceitamos como somos e vivemos plenamente, estamos nos colocando em tudo que fazemos pela metade, e isso não é bom, não é produtivo, não é eficaz.
A energia que provém destas minhas características é imensa, e posso usá-la em meu benefício. Só preciso ter essas características em equilíbrio. Esconder não faz sumir. Preciso trabalhar tudo isso em mim.
Foi uma conversa libertadora!
Ela finalizou a conversa dizendo:
- Seja plena. Seja inteira. Não tenha vergonha de ser quem você É! Use tudo a seu favor. Esqueça os outros. Preocupe-se apenas consigo. Percorra seu caminho sozinha. Você ainda irá passar por muitas provações e para vencê-las precisa estar 100% focada e inteira.
Nisso ela levantou-se e foi em direção ao grupo da fogueira.
Me deitei na relva e fiquei olhando as estrelas, refletindo em tudo que tinha aprendido ali.
Quando vi estava em casa, na minha cama. Fiz uma oração de gratidão e dormi.
Agora estou em fase de muita reflexão e ainda há mudanças a fazer em minha vida, pra finalmente estar inteira! Já não me sinto mais presa a nada e nem a ninguém. Quem está ao meu lado está porque se encontra no mesmo degrau que o meu. Àqueles que não querem evoluir, apenas lamento e dou adeus. Quem sabe nos encontraremos mais a frente?! Sem dó, sem sofrimento, sem apego.
Compreendo que cada um tem seu tempo. Não posso acelerar isso. Só posso dar o exemplo. E não posso ficar sofrendo pelo outro.
Minha meta agora é aprender a lidar com meu lado obscuro. Minha prepotência, arrogância, soberba, crueldade, espírito vingativo... É, tenho sim tudo isso em mim.
Então me perdoem se agir de modo meio maléfico nos próximos dias. Estou em fase de ser inteira e preciso deixar tudo isso aflorar para então entrar em equilíbrio e me aceitar como sou, com todas as qualidade que tenho sim, mas também com todos os defeitos que precisam ser trabalhos, e não reprimidos!
Beijos!
Bênçãos Plenas!
Giselle Keller
;)