domingo, 15 de março de 2009

Ser Pagão


O Paganismo é a base de várias religiões pré-cristãs, ou seja, que existiam antes de Jesus Cristo, onde os povos cultuavam vários Deuses (eram politeístas), onde cada Deus representava uma força da Natureza.
Os termos Paganismo e Pagão foram criados no período do Império Romano de forma pejorativa, para criar a ideia de que apenas os povos tidos como mais incultos (os camponeses – pois o termo é originário do latim paganus, que significa homem do campo) ainda eram politeístas, visto que, a partir do século IV, o Cristianismo passou a ser a religião oficial Romana e todas as culturas pagãs passaram a ser proibidas, as pessoas caçadas e até condenadas a morte, caso continuassem a praticar rituais pagãos.
Porém, mesmo assim, muitos ainda continuavam recusando-se a aceitar o Cristianismo e abandonar seus Deuses de devoção.
Sendo assim, muitos sacerdotes cristãos passaram a “cristianizar” rituais e festivais pagãos, dando-lhes um novo sentido dentro da religião Cristã, tentando facilitar a aceitação da nova religião. Entre estes estão (lembrando que estas adaptações referem-se ao Hemisfério Norte Europeu, pois ainda não se havia descoberto as Américas e a África ainda não era verdadeiramente explorada):
- Natal: Yule. Coincidia com o solstício de inverno ou saturnália, festa ao Deus Saturno (mitologia romana), onde se trocavam presentes; o pinheiro tornou-se a árvore de Natal, pois eram usadas pelos pagãos como representantes da vida, já que permaneciam verdes mesmo no inverno, onde tudo parece morto. Outros povos pagãos cultuavam Dionísio nesta data, com festividades que incluíam ceias regadas a muito vinho e felicidade, de onde surgiram as ceias de Natal.
- Páscoa: Festival de Ostara (ou Eostre), ritual da primavera (equinócio da primavera). Celebra a fertilidade e o renascimento. O Cristianismo adaptou esta festividade e criou a Páscoa, que seria o momento de celebrar a ressurreição de Cristo. Adaptaram também o hábito pagão de presentear com ovos coloridos ou comestíveis (que viraram os ovos de chocolate da páscoa) e o símbolo do coelho, que é um símbolo pagão da fertilidade e do início de uma nova vida. Até o próprio nome “Páscoa”, que em inglês é Easter, é muito semelhante ao nome da Deusa Eostre (mitologia anglo-Saxã).
- Festas Juninas: Beltane (30 de maio, no hemisfério norte) e Litha (ou solstício de verão – 21 de junho, no hemisfério norte). Entre os pagãos, em Beltane comemora-se a vida. Para isso, erguiam-se fogueiras, conhecidas como as fogueiras de Beltane, onde os pagãos passavam entre elas, com o intuito de livrarem-se de doenças e energias negativas. Também era erguido um mastro com fitas colorias, onde cada pessoa escolhia uma de sua preferência e dançavam ao redor do mastro, trançando as fitas e fazendo seus pedidos aos Deuses. Em Litha também fazem fogueiras. Daí surgiram as festividades juninas, com suas fogueiras, que são adaptações das fogueiras de beltane, e as danças de quadrilha e bandeirinhas coloridas. E o festival de Litha foi relacionado no cristianismo com a festa de São João.
- Batismo: É um ritual milenar, que acredita-se ter origem na Grécia, e era realizado por sacerdotes chamados de Baptas (daí a origem do nome). Todos que participavam do ritual deveriam banhar-se com perfumes antes da cerimônia, com o intuito de purificar seu espírito. Este ritual foi usado por todos os povos pagãos, cada qual com suas adaptações e depois foi também adotado pela religião Cristã.
- Casamento: Foi dos casamentos pagãos que surgiram os costumem de usar alianças de casamento, velas, incensos, flores entre outros atos ritualísticos que são usados nos casamentos cristãos.
Além destes há também o Hallowen, que corresponde ao Samhaim (31 de outubro - hemisfério norte). É o ano novo Celta, o festival dos mortos. É costume pagão neste festival confeccionar lanternas de abóbora. Daí se originou o festival dos mortos, o dia das bruxas ou Hallowen.

Ser pagão hoje é acreditar que não existe um Deus único (não ser monoteísta), mas sim vários Deuses.  Em rituais, quando preciso da energia específica de um Deus ou uma Deusa, me refiro a eles por seus nomes e os invoco.
Eu uso o Panteão Celta, mas existem outros.

Ser pagão também é crer que além dos Deuses, existe uma diversidade de outros seres que estão a nossa volta e que podem nos ajudar se precisarmos e soubermos ouvi-los.
É saber que estamos integrados com todas as energias da Natureza e com seus ciclos, e que essas energias interferem na nossa e a nossa nelas.

É sentir que estamos todos ligados: pessoas, animais, plantas, minerais. Que todos estamos evoluindo juntos, cada um a sua maneira. Que todos estão aqui com um propósito.

Ser pagão é fazer rituais em devoção aos Deuses e as energias da Natureza e nestes rituais fortalecer sua ligação com todas essas energias!
Ser pagão é conversar com os animais e plantas de igual pra igual e se sentir muito feliz com isso!

O paganismo não é só a base de várias religiões, mas também uma filosofia de vida. Toda a mística que envolve o termo “pagão” deveria ser revista pelas pessoas que ainda acham que o paganismo é coisa do “demônio”...

Como pagã, eu sigo a Roda do Ano, dos ciclos da Natureza. Em cada estação nós comemoramos o que ela representa em rituais. A Roda do Ano corresponde às estações do ano. Em cada época recebemos energias diferentes da Natureza e das Divindades. Cada fase do ciclo natural representa uma fase da vida: nascimento, crescimento, velhice e morte.

O Calendário Celta é inspirado calendário Lunar, com influencias do Solar, porque os celtas regulavam sua vida segundo as fases da Lua (Calendário de Coligny), e ritmavam-na por quatro grandes festas sazonais.
Os celtas se basearam nas quatro estações para construir a sua cultura e ritos, e sua mitologia era baseada no curso do sol para contar a viagem dos guerreiros ao Sidh (montes que se acreditavam ser o lar de um povo sobrenatural vinculado às fadas e elfos de outras tradições). Sua cultura é baseada no ciclo da vida e da natureza que rege os homens e as suas interações. Dessa forma:
a. Iniciamos nosso ciclo de vida (Oilmec) - Primavera.
b. Compartilhamos da vida (Beltane) - Verão.
c. Tornamo-nos Sábios (Lughnasadh) - Outono.
d. Transformamo-nos e Regeneramo-nos em uma nova vida diferente (Samhain) - ANO NOVO CELTA - Inverno.

Giselle Keller