Só nos curamos quando aceitamos que temos um
lado sombra e que precisamos olhar pra ele, aceitá-lo e amá-lo. Sem isso, não
há cura, pois sem amar suas sombras você é não é inteiro, e se não é inteiro
está doente.
Chamo de sombras toda característica que temos
e está mal trabalhada, por isso muitos chamam de defeitos. Não gosto desse
termo “defeito”. Ninguém tem defeito. Somos todos seres perfeitos! O que temos
são características que nos fazem únicos. O que acontece é que muitas vezes não
aceitamos algumas destas características e as escondemos de nós mesmos (ou
achamos que estamos escondendo). Por ficarem mal trabalhadas, acabam virando
más qualidades... Estas são as nossas sombras. Nossas qualidades ou
características que não queremos aceitar e tentamos esconder. Nisso
desenvolvemos doenças, inclusive mentais. Desenvolvemos inveja, ódio, rancor, agressividade,
auto piedade, depressão... E só curamos isso encarando nossas sombras,
aceitando essas características e transformando essas más qualidades em boas
qualidades. Usando-as em nosso benefício.
Assim, o que pude concluir em todo este
processo de cura que passei, relatado nas duas postagens anteriores, é que toda
doença ou sintoma que apresentamos no físico é um reflexo de problema no
emocional e/ou mental, e nosso inconsciente sabe. Como não queremos assumir
este problema (sombra) conscientemente, nosso inconsciente cria um reflexo
deste problema em nosso físico, para que possamos lidar com ele de alguma
forma. Quanto mais negamos esta sombra, mais os sintomas ou as doenças se agravam.
No caso da minha coluna, a explicação que
encontrei para ter desenvolvido este problema é que eu não estava deixando
minha energia fluir livremente, em especial a minha mediunidade. Como já
escrevi em relatos anteriores aqui no blog, eu nasci com um dom muito forte,
uma mediunidade linda. Sempre vi seres astrais com grande nitidez, me
comunicava livremente com eles, via a aura das pessoas, plantas, animais,
pedras e objetos, tinha visões e sonhos premonitórios. Só que, como eu achava
isso normal, comentava com as outras pessoas o que via ou que previa, e todos
ficavam apavorados, me chamavam de maluca, esquisita... Fui me sentindo
rejeitada, diferente (pejorativamente) e deprimida. Com o tempo, parei de
contar o que eu via e fui acreditando que eu não devia ver ou ouvir “essas
coisas”, que isso não era uma “coisa boa”. Com isso, bloqueei minha energia e
meu dom. Nossa energia flui pelo mesmo caminho da coluna. Com o bloqueio, fiz
com que essa energia não conseguisse mais fluir normalmente, então minha coluna
“entortou”... Desenvolvi a escoliose e, com ela, as dores de coluna, para me
lembrar que havia um bloqueio ali. Energia parada, estagnada, querendo fluir
onde havia uma obstrução. E isso dói.
Além da mediunidade, também reprimi minha
energia sexual. Eu me tornei uma mulher muito bonita, após passar por uma fase
de patinho feio no começo da adolescência, e sempre fui muito alegre,
comunicativa, além de ter o magnetismo especial que toda bruxa tem (e isso faz
parte do meu dom). Isso me fazia ser muito atraente e sempre chamei muita
atenção, até mais do que amigas que eram mais bonitas que eu. Só que tudo isso
causava inveja de muita gente, e eu sempre recebia reprimendas e críticas por
ser como eu era. Falavam que eu era oferecida, “dada”, vulgar, puta... E olha
que me mantive virgem até quase completar 18 anos! A questão é que eu namorava
muito e era volúvel, cobiçada... Trocava de namorado todo mês! Mas o que tem de
errado nisso? Eu me sentia livre e queria curtir a vida. Mas fui reprimida por
isso e permiti que essa repressão bloqueasse ainda mais minha energia e quem eu
era. Com isso, minha coluna só piorou e as dores aumentaram e foram aumentando
ainda mais ao longo dos anos.
Afinal, eu era mais e estava sendo muito
menos... Estava querendo ser aceita e tentando me enquadrar num molde onde eu
não cabia. Me entortando para caber...
Essa energia, esse dom, meu magnetismo são
parte de mim. A negação disso criou a doença e as dores eram meu lembrete. A
cura veio quando comecei a me aceitar em plenitude e voltei a resgatar meu dom.
E isso só veio após a libertação que obtive através das experiências com a
Ayahuasca e o Tabaco. Só quando resolvi deixar minha energia fluir livremente
de novo. Então pude curar minha coluna e remover os bloqueios que eu mesma
criei. Só que os bloqueios eram tão densos, que só com ajuda do astral foi
possível removê-los! Gratidão por ter recebido essa ajuda divina!
Ainda há bloqueios a serem removidos, sei que
só comecei a caminhar e que ainda preciso encarar outras sombras e jogar luz
sobre elas.
No caso da minha coluna foi assim. Eu não
aceitava as qualidades que eu tinha e as transformei em qualidades ruim. O bloqueio
e a não aceitação se transformaram numa doença e essa doença me fazia ter
inveja de outras pessoas que não sentiam as dores que eu sentia e me fazia
sentir pena de mim mesma, e muitas vezes me fazia sentir raiva. A raiva, em
especial, eu sentia quando via pessoas livres sendo elas mesmas! Elas me
serviam de espelho, mostrando como eu devia estar e não estava, então sentia
raiva delas, falava mal delas, igualzinho faziam comigo quando eu era livre. Além
disso, a não aceitação de mim mesma me fez entrar em crises horríveis de
depressão. A ponto de algumas vezes querer me matar (uma destas vezes por pouco
não o fiz).
Associado a tudo isso, ainda havia o meu
problema com meu feminino, já relatado na postagem anterior. Outra energia (a
mais importante) bloqueada. Era muita coisa travada... E o feminino, que é a
maior força de uma mulher, bloqueado, me impedia ainda mais de ser eu mesma.
Então tome-lhe de dor na coluna e tome-lhe infertilidade... A força de uma
mulher está no útero. E meu útero estava seco por séculos. Eu vinha, até então,
vivendo com foco no mental, deixando o emocional/afetivo nas sombras. Era sobre
isso que eu mais precisava lançar luz. E quando se está no escuro por tantos
séculos, ao ver a luz a dor nos olhos é absurda! Por conta disso, todo esse
processo de cura tem me trazido um efeito colateral, que é uma fotofobia grave.
Estou precisando intensificar este processo,
pois nos últimos dois anos eu comecei a assumir inúmeros projetos de trabalho e
deixei o mergulho pra dentro de mim mesma estagnado... Com isso, minha
fotofobia só veio se agravando, me lembrando que preciso continuar a iluminar
minhas sombras, pois ainda há muito que enxergar e transformar em qualidades
boas! Hoje cheguei a um ponto que não consigo mais dirigir a noite, por conta
dos faróis dos outros carros que me cegam, e nem de dia se estiver um sol
forte, pois a claridade em excesso também me cega.
É um sintoma que desenvolvi para me lembrar que
preciso continuar a iluminar minhas sombras, que o processo ainda não acabou.
Tanto deixei minhas curas de lado que até hoje não tinha escrito este texto
aqui!
Enfim, continuando com minhas conclusões, vejo
nitidamente hoje o quanto a gente se chicoteia para nos fazer enxergar e
iluminar nossas sombras... Quanto mais uma pessoa sofre, mais sombras ela têm e
não quer enxergar. E mais ela precisa de ajuda... Mas ajuda nenhuma adianta se
ela não quer enxergar. E eu não queria enxergar. E continuo não querendo
aprofundar em certas áreas, daí essa fotofobia absurda que desenvolvi...
Logo depois que escrevi o texto anterior deste
blog, eu me dei um tempo para refletir e só depois iria escrever este texto
aqui. Eu acreditava que iria engravidar logo e queria escrever de novo quando
estivesse grávida! Só que isso não aconteceu. Então, no fim de 2015, resolvemos
tentar a inseminação artificial. Logo na primeira tentativa eu engravidei, mas
perdi em seguida, pois meu útero desenvolveu uma reação alérgica ao diluidor do
sêmen. Só fui descobrir isso meses depois! E passei mais 6 meses em tratamento
até curar novamente meu útero! Por conta disso tive que me submeter a três
exames em centro cirúrgico, sob anestesia, pois meu colo do útero é todo
fibrosado e o exame não pode ser feito sem anestesia (vídeo histeroscopia). Ficou
claro pra mim que não há atalhos no meu caminho... Tem que ser tudo natural, no
seu tempo.
E isso tem sido um processo de cura não só pra
mim, mas principalmente para meu marido, pois por conta da pressão psicológica
e emocional de termos que ter relações num período exato do meu ciclo ele se
sente bloqueado e não consegue... E se ele não consegue, não engravido... Agora
estamos juntos passando por curas. Sempre fui muito ansiosa, e aprender a não
deixar isso me abalar e a não deixa-lo ansioso e pressionado, tendo contra nós
meu relógio biológico (afinal estou com 46 anos!) tem sido um gigantesco
aprendizado. E tem nos unido ainda mais, o que é o oposto do que geralmente
acontece entre os casais, pois acaba um cobrando do outro, culpando o outro, e
afastando um do outro. Em nosso processo, tem sido ao contrário. Estamos
aprendendo ainda mais um sobre o outro, a nos respeitarmos e nos amarmos cada
vez mais. E isso é uma cura enorme!
Meu marido já esteve comigo em uma vida
passada, onde fui obrigada a me casar com ele, por conta de acordos familiares.
Ele foi um marido muito bom pra mim, e eu uma péssima mulher. Nem assim ele “me
devolveu”. Teve muita compreensão e paciência comigo. Me amou acima de tudo. E
nesta vida ele é mais que um marido pra mim. É meu guardião. Ele cuida de mim
com tanto amor que me sinto a mais agraciada das mulheres! Todo esse processo
que estamos passando é de um aprendizado imenso! E tudo fundamentado no amor.
Hoje já sabemos e aceitamos que se não pudermos ser pais biológicos seremos
pais mesmo assim, pois podemos adotar crianças. E isso nos faz felizes! Talvez
esse seja o ponto crucial da minha cura do feminino. Ser capaz de amar um filho
mesmo não tendo nascido do meu ventre. Isso faria de mim uma mãe em sua
plenitude! Mãe por opção, por amor.
Como veem, ainda há luz a ser jogada sobre
minhas sombras, então meu processo continua. Escrever este texto e
aceitar estas descobertas foi mais um passo dessa cura.
Minha coluna e meu pé já não doem mais e minha
energia agora segue fluindo livremente! E isso foi uma conquista gigantesca!
Gratidão por todo auxílio que venho recebendo nesta caminhada! Gratidão às Medicinas,
aos Mestres, ao meu Marido e à Mim mesma, por me permitir mergulhar tão fundo!
Giselle Keller